Estes espaços realmente existem, disse o Senhor a Moisés; tira as sandálias de teus pés, porque o lugar onde te encontras é uma terra santa.
Há, portanto, um espaço sagrado, e por conseqüência “forte”, significativo, e há outros espaços não-sagrados, e por conseqüência sem estrutura em suma, amorfas. Para o homem religioso o espaço sagrado – é o único que é real que existe realmente – o “ponto fixo”, o eixo central de toda sua orientação, pois funda ontologicamente o mundo, e tem um valor existencial para o homem religioso.
A revelação de um espaço sagrado permite que se obtenha um “ponto fixo”, possibilitando, portanto, a orientação, a “fundação do mundo”. A experiência profana, ao contrário, mantém, portanto a relatividade do espaço.
O limiar que separa estes dois espaços indica ao mesmo tempo a distância entre os dois modos de ser, profano e religioso. Uma fronteira que distingue o lugar paradoxal onde esses dois mundos se comunicam, onde se pode efetuar a passagem do mundo profano para o mundo sagrado.
A igreja participa de um espaço totalmente diferente daquele das aglomerações humanas que a rodeiam. Lá no recinto sagrado, torna-se possível a comunicação com Deus: consequentemente deve existir uma “porta” para o alto por onde Deus pode descer a Terra e o homem pode subir simbolicamente ao Céu. O templo constitui, por assim dizer uma “abertura” para o alto e assegura a comunicação com o mundo divino.
Todo espaço sagrado tem como resultado destacar um território do meio que o envolve, e o torna qualitativamente diferente. Um sinal basta para indicar a sacralidade do lugar. O sinal portador de significação religiosa introduz um elemento absoluto e põe fim à relatividade e à confusão.
O sagrado é o real por excelência, ao mesmo tempo, fonte de vida e fecundidade. O desejo do homem religioso de viver no sagrado equivale de fato, ao seu desejo de se situar na realidade, de não se deixar paralisar pela relatividade, mas, de viver num mundo real pelo qual o homem constrói um espaço sagrado à medida que ele reproduz a obra divina.
O momento religioso, o sagrado revela a realidade absoluta e, ao mesmo tempo torna possível a orientação – portanto funda o mundo no sentido de que fixa os limites e, assim estabelece a ordem. Não se faz “nosso” um território senão “criando-o” de novo, quer dizer, consagrando-o.
A ereção da Cruz equivale à consagração e, portanto, um “novo nascimento”. “Porque, pelo Cristo, passaram as coisas velhas: eis que tudo se fez novo” (II Coríntios, 5:17). A terra recentemente descoberta era “renovada”, “recriada” pela Cruz.
Ora, se a existência humana só é possível graças a essa comunicação permanente com o Céu. Não podemos viver sem uma “abertura” para Deus. Aqui simbolizada para os cristãos, de Gólgota que constituem a ligação por excelência entre a terra e o céu, feita por Deus, e salvífica por Cristo para a nossa salvação.
Autor Elias Franciozi a família Magnificat
Nenhum comentário:
Postar um comentário